sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Novas tendências e comportamentos?


Todas as vezes que começo a escrever meus pontos de vista sobre os mais diversos assuntos da atualidade penso em começar com a palavra : “engraçado”. É isso, percebi isso agora, iria começar a escrever sobre os atuais representantes da juventude, os jovens de hoje, e me veio logo à cabeça: engraçado! Terá sido uma coincidência?!

Farei uma análise de um tipo de ambiente, em particular as Lan houses (sim, elas ainda existem!), sabendo que esse ambiente retrata bem o cotidiano de um grande percentual dos jovens, lógico aqueles jovens que ainda não possuem um computador em casa (sim, eles ainda existem!). As lan houses vivem abarrotadas de adolescentes, seja para entretenimento, trabalhos escolares, procura de emprego, etc.

Tenho ido diariamente a uma lan house e fatalmente acabo por observar alguns dos seus freqüentadores. Nesse caso, desde os próprios administradores até seus fiéis clientes. É uma gente nova, bonita, ainda cheia de coisa pra viver, embora eu não tenha certeza disso. Um povo moderno, atual, que curte o que de melhor (?) a mídia emana para suas pequenas cabeças. Esse novo universo (pelo menos para mim) é recheado de músicas que falam de tudo um pouco, prostituição, bebidas, pé-na-bunda e armas, tem até canções que relatam crimes e cenas tórridas de sexo. Confesso que quando não me incomodo, fico constrangido. Músicas novas, novas tendências e comportamentos. O som é alto, muito alto, e normalmente quando estou aqui para escrever um texto e consigo terminá-lo, me considero um herói.

Certa ocasião presenciei uma conversa de bate-papo entre um garoto e uma garota, provavelmente uma paquerinha (?), e era impressionante como ele xingava essa garota, mais impressionante ainda, era o quanto ela gostava disso! Confesso que uns palavrõezinhos (?) ao pé-do-ouvido, na hora mais quente do sexo, não fazem mal algum, pelo contrário. Mas do modo como as coisas estavam se “dando” naquele momento, não sei se fiquei mais com pena ou com raiva de ambos. Perguntei por que ele estava xingando ela, ele disse que tinha que ser assim mesmo. Impressionante a dimensão da futilidade da coisa.

Lembro quando meu avô reclamava: essa nova geração está perdida. “Essa nova geração” era a minha geração, conhecida por “geração anos 80”, a geração do saudoso Balão mágico, dos Trapalhões e dos brinquedos da estrela, uma geração dividida entre o novo consumismo; videogame, televisão, e novelas (naquela época eram boas) e a inocência das brincadeiras que vieram dos nossos pais e avós; Queimado, esconde-esconde e Pega-pega (que hoje significa outra coisa), ainda tinha a pipa, o pião e as bolinhas de gude. Hoje em dia as coisas são diferentes, não existe pré-adolescência, as crianças passam logo pra adolescentes, quando não, adultos. A descoberta do sexo é pela internet, os aniversários de crianças se transformaram em baladas, tem até um tal de Bullying, que na minha época se chamava xingamento, e era uma coisa normal, por assim dizer. Lembro que no meu aniversário de 10 anos, teve bolo, bolas e música infantil, hoje meu filho, que vai completar 10 anos, me pediu uma balada numa boate, com direito a globo de ouro. Sei lá, to velho mesmo, tenho que me modernizar (?). Embora às vezes me sinta uma pessoa moderna, na maioria delas, sou um antiquado (acredito que é a PVC, Porra da Velhice Chegando). Meu avô reclamava da geração do meu pai, meu pai reclamava da minha geração, eu reclamo da geração do meu filho. Não sei até onde esse comportamento seja a chamada "evolução das espécies (?)" ou até onde seja a desvirtualização dos valores éticos. Temos que discutir isso em casa, nas escolas e em políticas públicas, a fim de separar o joio do trigo.

Eu poderia divagar horas e horas sobre as futilidades dessa nova geração, mas tem coisa mais fútil que isso?! Prefiro tentar passar para a mais nova geração, os valores que eu tinha na minha, valores familiares, de respeito ao próximo, de amizade e apreço. Tenho trabalhado nessa idéia com carinho e afinco.

Quando lembro das reclamações do meu avô, e percebo que faço as mesmas reclamações ao meu filho, ou ao meu irmão mais novo, vejo mais um ciclo se completando e me vem imediatamente a frase de uma música que marcou uma outra geração, e que se tornou eterna: “...ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais!.”

Alexandre Revoredo 29/10/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Caderno encantado



"Ela pensava que tinha sido os gnomos,
quando na verdade havia sido o Saci."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"A concepção de um texto" ou "Método prático/didático de ditado metodológico"





É uma coisa interessante, a tal da escrita. No princípio é somente uma folha em branco e uma caneta, para os mais tradicionais, ou um teclado e uma tela, para os mais modernos, ou até uma caneta e uma tela, para os mais ousados. Aí você olha para aquele espaço em branco e se pergunta: O que danado eu vou escrever hoje?! Sim, as possibilidades são infinitas, de assuntos, opiniões pessoais e impessoais, histórias tristes e engraçadas que você viveu, ou viu alguém viver...e você está com a faca e o queijo na mão, um universo inteiro ali na sua frente, pronto para ser criado por você mesmo.
E assim, como um tipo de Deus, você começa: faça-se o título, faça-se a introdução, faça-se o desenvolvimento, faça-se a conclusão (não necessariamente nessa mesma ordem). O autor tem essa liberdade, pode escrever da forma que quiser, pode querer ser compreendido ou não, pode ser sarcástico, irônico, divertido ou até mesmo lúdico. Pode ser tudo isso junto. O que importa mesmo é criar, preencher aquele espaço em branco.
Para escrever sobre algo é interessante ter um leque de informações sobre o tal assunto, do contrário corre-se o risco do texto se transformar apenas em palavras soltas, costuradas meramente por conjunções, preposições e advérbios, e não acrescentará em nada ao escritor, muito menos ao leitor (embora não exista tal obrigação).
Primeiro vem o insight, que alguns chamam de inspiração, depois vem o desenvolvimento, que aprendi a chamar de "transpiração". Depois é organizar as palavras, digamos assim, artisticamente. Isso requer uma certa sensibilidade (opa!), motivação e um conhecimento razoável da nossa gramática e vocabulário (ter um dicionário ao lado já ajuda). Pronto! Aí é sair escrevendo, apagando, corrigindo, rindo, chorando e até se surpreendendo com o próprio texto. Muitas informações serão obrigatoriamente pesquisadas afim de não causar equívocos, ou futuros mal-entendidos (a não ser que seja esta a intenção).
Comigo os textos normalmente ficam prontos depois da terceira vez que os leio e corrijo. Isso pode ser no mesmo dia, no mesmo mês, no mesmo ano...
O texto depois de pronto e mostrado a alguém, já não é mais seu. Depois que há uma identificação, uma empatia entre o leitor e o texto, a missão está cumprida. O texto é como um filho que você concebe, e como se sabe, filho a gente cria pra o mundo.
Há quem diga que nem o texto, nem o escritor se obrigam a agradar, informar ou mesmo ser compreendido. Particularmente gosto de me fazer ser compreendido, sinto que ali, entre escritor, texto e leitor, a compreensão é o fato consumado de toda a obra.
Então, seja com uma caneta (instrumento chamado outrora de "enxada da escrita", lá nos Cafundós) ou seja com um computador, o universo das letras e palavras está para todos os gostos e gestos. Mesmo quando não se tem nada para dizer. Aliás, escrevi esse texto hoje, por não saber realmente sobre o que escrever, assim empunhei a minha caneta e bradei: Mesmo que hoje sobre nada tenha a escrever, ainda assim sobre nada escreverei!!! E como antes havia falado: No princípio era somente uma folha em branco...




*dedicado as professoras: Fernanda Alves, Klébia Sampaio e Duvennie Pessoa.

Alexandre Revoredo 26/10/2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Macuca, um ponto de harmonia.


A Macuca não é só um "estado de espírito", é um "universo transcedental". A Macuca é mais que uma fazenda, ela cria lendas. De lá se contam muitas estórias, de mato, de fogo corredor e da "bica encantada das águas limpantes dos corpos errantes"; do Santo de Sant'ana, boiadeiro que vive protegendo a fazenda, sem horário de cessar a vigília. De pessoas que foram umas e voltaram outras. Do monstro do capitalismo que nunca conseguiu entrar nas dependências fazenda, muito menos o do “capetalismo”.
A Macuca é o céu, aliás aquele céu só tem lá, embora muitos levem esse céu dentro de si, cada vez que de lá saem. A lua da Macuca!!! Ah, a lua da Macuca é cheia, mesmo quando é nova, e crescente, mesmo quando minguante.
A Macuca é outra dimensão. Lá o chá das 5 é às 7, e se passam horas sem que se perceba, saboreando esse chá, rindo do vento e de outras coisas que os olhos não vêem. A Macuca, é festa, é alegria, riso e boa música todo o tempo. O tempo é sempre bom, se é chuva é bom, se é sol é bom, se é sol e chuva é ótimo, se é dia, é de bom dia! Se é noite, de boa noite! Se é de madrugada, não digo nada, vai lá ver!
Lá se construirá uma obra faraônica (ou seria Massilônica?!), uma ponte do nada para o infinito ! Lá se anda no mato, anda nu mato, e se anda nu no mato, toma-se banho na bica encantada, ritual purificante da alma, despertante dos sóbrios, revigorante aos que querem continuar na festa. Senão, é só entrar na barraca, fechar os olhos e ouvir a psicodélica mistura da orquestra sinfonica natural dos grilos e rãs, acompanhando os jazz, os blues e os rock n'rolls do outro lado do rio, o forró na casa do Zé ou o seja-lá-o-que-for-de-bom no palco do bar, que bem poderia se chamar “Palco Pezão”.
O seu anfitrião é o Zé da Rocha, Rocha no nome e nas convicções. Um verdadeiro cavaleiro medieval. Cavalheiro, ele abre suas portas aos que estão dispostos a comungar desse universo, e empunha sua espada aos que se opõem a harmonia do lugar.
A Macuca é família, é familiar, é lar e é lá que eu me desligo das coisas eletrônicas do mundo moderno. Lá os eletrodomésticos são só domésticos, a geladeira é que é a gás, o fogão a lenha, e a luz a querosene. Ainda tento entender o aparelho de som, ou ele é alimentado pela boa música que entoa durante o dia inteiro, ou por algum tipo de força cósmica, não duvido nada!
A Macuca é paz, ou mais, é terapia natural, é natural. A Macuca é magia, é ficção, é real, num pequeno espaço, o espaço sideral, a Macuca é cultura, a Macuca é o ponto e ponto final.

Alexandre Revoredo 21/10/2010

Boi, boi, boi, boi...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Minha Morena













Minha morena é de sonho e verdade

De fervor, flor da idade, juventude voraz

Minha morena, é cheiro doce, canela

Mel de flor açucena, cor de amor, chocolate

Tez da minha morena


Minha morena é de passo e de dança

Que quando ela balança, não tem quem segure

Minha morena, é de samba e de xote

De afoxé e de rock, corpo belo em cena

Luz da minha morena


Minha morena é de amor fraternal

De mulher, de irmão, de paixão e ardor

Minha morena é pés na água do mar

Preguiçoso acordar, cafuné que mãe dá

Paz é minha morena


Minha morena é mistério e segredo

Dela não sei mais nada, enigma de esfinge

Minha morena, ninguém sabe o que quer

Se ela é ou não é, ou se ela só finge

Essa é minha morena


Minha morena é de drama e comédia

E me vem inspirar, e me faz transpirar

E eu fico pirado, e sem mais pra falar

Eu me calo e canto, pois caí nos encantos

Da menina morena.

Alexandre Revoredo 30/11/07

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Balangandã


Findou mais uma semana, muito trampo, pouca grana,
só mesmo uma noitada pra curar;

Encontro com os amigos, bate-papo dividido, convesa de botequim, balangandã.

Tatu peba, pirão em Maniçoba, perobo em Peroba, pirou!

Dindin, barão, tutu, cifrão; Pelé, Mané, Tostão, é gol!

Tentação, maçã, Eva e Adão, pecado do amor, serpente;

De repende, ganhei o meu presente, um troco e um’agardente, caí;

No dendê, din don, Tom, dó-ré-mi, Tião, Tom Zé, Dindi, canção.

No violão,um samba, uma benção, juntou com o limão, cachaça;

Moet Chandon, xerém e champingnon, caninha em Massilon, é massa!

A mulata, requebra quase me mata e fez subir poeira no terreiro;

No pandeiro, Jackson brasileiro, tocou, dançou e fez tremer o chão;

É bom, bobó de camarão, feijão, manjericão, ao som desse balangandã.

Chega, canta, dança, pega fogo no terreiro, a festa é santa e pagã

Mas olha, relaxa, não me apressa, que hoje eu só chego em casa amanhã.

sábado, 9 de outubro de 2010

Tendências e Entendências

Discutindo sobre religião com um religioso (isso ainda se faz?) cheguei a duas conclusões:

"As pessoas que esperam o conhecimento serão sempre governadas pelas que procuram o conhecimento."

"Quem tem fome de conhecimento, há sempre de apreciar o menu da vida."