Discutirei
um assunto sempre em moda: as diferenças de valores nas relações entre homens e
mulheres. Nada mais óbvio que isso, que o digam alguns dos grandes cronistas do
assunto. A saber: Luis Fernando Veríssimo, Xico Sá, Fabrício Carpinejar, isso
para ficar somente no âmbito pop/cult da literatura nacional.
Nenhum
estudo científico, filosófico ou teológico poderia dar conta do conteúdo que
esse objeto pode fornecer. As relações entre homens e mulheres são de fato, “antiteticamente
paradoxais”. Porém justamente por essas diferenças, é que se pode aventurar um
romance, arquitetar casos, apaixonar-se. Ora, driblar ou harmonizar os
conflitos já supre por si só boa parte desta nossa necessidade de trilhar
jornadas, inerente ao comportamento de todo ser humano.
Longe de
preconceitos, boa parte das relações homo-afetivas são aparentemente mais bem resolvidas.
Explico: um homem quer sexo e atenção (necessariamente nessa ordem de
importância), e é exatamente isso que ele acha em outro homem, não pretendo ser
arbitrário, mas isso é de sua natureza, forjado a pau (!) e pedra, a ferro (!)
e fogo desde os primórdios. O instinto nômade, de sobrevivência e da
multiplicação das espécies, convenientemente reforçado no livro sagrado, pela
frase ”crescei e multiplicai” (coincidentemente escrito por homens) resultaram
nessa forma mais descomprometida do homem entender compromisso. Definitivamente
o homem é um ser do mundo, para ele quem institucionalizou a monogamia não
gostava de mulher, merecia a castração pela guilhotina.
Já sobre a mulher, esse ser místico,
injustamente incompreendido, inteiramente incompreensível, o que se tem a dizer
é justamente o contrário. Em grau de importância elas cobram numa relação:
atenção, segurança, carinho, fidelidade, lealdade, estabilidade, sobriedade,
ade, ade e ade, para só então, vir o sexo (esse aí necessariamente adornado com
amor, paixão, respeito), dificilmente fazem o sexo pelo sexo, salvo raras exceções
(as maravilhosas ninfomaníacas).
Enfim, essas
diferenças aqui destacadas, perdem sua força quando se trata de ”amores do
mesmo gênero”. Obviamente surgem aí outras diferenças que, como não tenho
experiência no assunto, não saberia explanar de forma justa.
Como sou um
cara atencioso e tenho grande simpatia por relacionamentos duradouros, confesso
que em termos de relação, se fosse outra minha orientação sexual, não me daria bem
com outro homem. Principalmente pela insegurança que a prática natural do
descompromisso promove, e que caracteriza boa parte dos representantes da
espécie masculina. Vejam bem, “boa
parte”. Venho aqui para falar pela outra parte, quase extinta. Não, não sou um
santo, e nem ao menos quero que me peguem para Judas. Não estou “traindo a
causa”. Cada qual com suas manias e gostos.
Por conta do
descrédito dado a nós pelas próprias mulheres, no quesito fidelidade, lealdade,
e afins, é perfeitamente compreensível o crescimento desenfreado de casais
formados por mulheres, em todas as partes. Lógico, se elas querem uma coisa
mais séria, segura e duradoura, fatalmente acabam encontrando, e é isso que se observa nessas relações: uma durabilidade maior, embora haja, em contrapartida, uma concorrência maior, típica comportamento feminino. Essa espírito concorrente acaba nos atingindo também. Isso só esquenta os ânimos em todos os sentidos. Ah, as mulheres!
Infelizmente, na
seara das relações, o homem fiel, sincero, leal (sim, ele existe) é quase
sempre injustiçado pela imagem do eterno cafajeste institucionalizada pela
sociedade feminina moderna. Esse sujeito sim está ”boiando” no mar revolto das
relações e por ser homem, não pode, nem deve se mostrar frágil diante essa
causa, sob o risco de ser taxado de traidor do movimento ou por vezes, de gay
mesmo. Muitas vezes pelas próprias mulheres. Vai entender.
Adentrar nesse universo é pedir conselhos ao diabo de como chegar ao céu. E apesar dessas diferenças, os labirintos, mal entendidos, desvios de rota, frustrações, fazem par com caminhos bem trilhados, compreensão, parcerias e conquistas, e isso é o resultado final da delícia das relações humanas, que tem a eterna descoberta como principal afrodisíaco.
É realmente muito pano pra manga, como bem disse um amigo, acerca do assunto: "O ser humano teima em criar variáveis até quando não mais parece ser possível". Então completo essa sentença com a frase de um célebre compositor: "Não tem nenhum engano nem mistério, é tudo só brincadeira e verdade"