segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O eterno aprendiz


Felizmente para o homem, tantas são as oportunidades dadas, quanto perdidas, e é dessa experiência que ele tira a matéria-prima do viver: o conhecimento. É através dele que o ser humano se molda e adapta às mais diversas situações.
Partindo do pressuposto que na vida não há ensaios, entende-se o ciclo de acertos e erros que desenvolvem o caráter humano.
O homem tem em seu raciocínio lógico, a capacidade de cálculo, e embora muitas vezes tropece em seus proprios vícios, consegue chegar ao objetivo desejado. Em contrapartida, com os erros, imprime-se na pele qual caminho não tomar para se conquistar determinados objetivos.
Ao longo da história, muitos erros foram cometidos e estes serviram de base e apoio para a construção de uma vida mais sólida e harmônica. É certo que não uma harmonia plena, mas de que adiantaria, a graça da existência é a busca por essa harmonia. Como cantou Gonzaguinha: "...cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...".
Muito ainda há de se fazer, de se aprender. Compreender o processo da vida é o maior desafio, que quando vencido trará respostas para grande parte dos problemas da humanidade. Aí então aparecerão mais outros. Mas enquanto existir, o homem ensaia a sua maior aventura: viver!

Alexandre Revoredo 29/11/2010

(texto na íntegra da redação apresentada ao vestibular 2011)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O boêmio-mor


Existem inúmeras coisas para se falar do Baiano, fatalmente a maioria delas apontará para situações hilárias, um certo desleixo e uma paixão exacerbada pela vida. Lembro de uma vez quando houve uma briga num bar e um cara queria bater na namorada, o baiano viu, interveio, e quem acabou preso foi ele mesmo, enquanto o cara que já tinha batido na namorada e xingado a polícia foi para casa livre, leve e solto. Lógico, não era intenção do baiano, ir em cana, apesar de ter entoado o grande hino reacionário estudantil “pra não dizer que não falei das flores”, bateu de frente com a polícia local, e pegou o sargento num dia daqueles de “ovo virado”. A galera, solidária, foi junto com ele para a delegacia, só não foram na viatura por que eram em número de 12. Aquela noite foi memorável, e só terminou na manhã seguinte quando todos comemoravam a soltura do baiano, regados a cerveja, café e cuscuz com leite, no Brás.

O baiano não é digamos assim, apegado a valores materiais, tradicional e sempre pontual (?), não vê motivos para possuir um relógio ou celular por mais de uma semana. Pra que se prender ao tempo? Pra que se permitir ser achado pelas pessoas mais inconvenientes nas horas mais inconvenientes? Lembro que eu mesmo, aficionado por relógios que sou, comprei um da marca “puma” pela bagatela de 10,00 reais e uma cerveja. Isso mesmo, o presente é uma dádiva e o que o baiano queria naquela hora era tomar aquela gelada e continuar a curtir a noite.

É assim desapegado das coisas materiais, as dele. As dos outros, sem querer acabavam por ser suas. Ajudou a fundar (afundar?) um bar, que era conhecido por “Bar do baiano” mesmo não sendo ele o proprietário. E por ser mesmo o “bar do baiano” é que a maloqueirada freqüentava assiduamente. Era uma espécie de Barman-Porteiro-administrador-cliente e DJ. Quase nunca deixava a música tocar por inteiro, o que causava irritação aos que curtiam o som, que era de primeira linha. O baiano é novo, e introduziu os Novos Baianos na discoteca cotidiana dos amigos, o baiano é do bem, e reafirmou a importância de Jorge Ben Jor na discoteca cotidiana dos amigos.

O baiano é do chá, e só ele mesmo para explicar como se faz suco de laranja com o ferro de passar roupa. Foi num dia, qualquer, tinha tomado um chá de não-sei-o-quê e desesperado com o efeito da coisa, num pequeno lapso da loucura lembrou que alguém tinha falado que suco de laranja cortava o efeito, e então, nu, com o ferro de passar na mão, pediu a mãe uma laranja pra fazer o tal suco.

Formado em administração para poder administrar suas rendas, ainda não consegue.

Todo mundo é convidado para a casa do baiano, mesmo quando não é a casa dele. Sociável, já dividiu apartamento com grandes figuras do folclore universal. A casa do baiano foi, é e será sempre uma festa, e a maior delas foi no dia de sua despedida, quando voltou a sua cidade natal, tivemos a infelicidade de vê-lo “mais uma vez” (sim, houveram outras) a dançar nu ao som de “I Will survive” (na versão do Cake, pelo menos).

O baiano é uma figura, daquelas que vez ou outra alguém comenta a sua falta, suas trapalhadas e principalmente suas presepadas. Artista, muito mais do que músico, está sempre disposto a tocar seu repertório de 6 músicas, muito bem escolhidas vale salientar, dono de uma voz inconfundível, de uma emoção inexprimível e de uma capacidade de sair do compasso, inexplicável.

Nos verões, está sempre nos convidando para passar uns dias na sua pousada em Salvador, “mi casa es su casa” é sempre o mote usado. Estou só esperando a primeira oportunidade pra curtir Salvador com o melhor guia turístico do estado, o baiano mais pernambucano que conheci, o boêmio-mor, o homem que não estava lá, o baiano Wilson.

Alexandre Revoredo 30/11/2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os pequenos prazeres da vida (baseado em fatos reais)

Os pequenos prazeres da vida nós só percebemos quando sentimos, o cheiro gostoso do café da avó lá no sítio, a expressão de felicidade do filho ao ganhar o presente tão esperado, o resultado triunfante de semanas a fio de um determinado trabalho, a sensação de alívio de uma dor de barriga crônica. É sobre esse último que vou vos falar.

Estava eu, tarde da noite, voltando para casa, quando de onde não sei, senti aquele desconforto familiar entre o intestino delgado e o esfíncter. Pensei comigo mesmo: Merda! Naquela hora o centro da cidade todos os estabelecimentos comerciais já haviam fechado. Tinha acabado de chamar um táxi, mas imediatamente lembrei da situação que poderia ficar o banco do carro do rapaz, caso viesse a me sentar. Foi aí que senti o primeiro arrepio!

O primeiro arrepio é aquele em que você reza e evoca todos os santos por um banheiro, mesmo que você não creia em santos. Novamente olhei para os lados para me certificar que realmente não havia por ali um banheiro, na esperança que a minha agonia estivesse me pregando uma peça. Mas nada! Rapidamente me pus a pensar se poderia haver ali por perto a casa de alguma alma caridosa conhecida afim de ajudar um pobre desesperado. Ao fechar os olhos para pensar melhor, senti um pingo escorrendo...era o suor, que já começava a descer pela testa, daí veio o segundo arrepio! Nesse segundo arrepio, você esquece todas as suas religiosidades e parte para o inevitável palavrão: puta-que-o-pariu! É o mais indicado nessa situação.

Ajudado pelo desespero, imediatamente lembre-me de uma farmácia 24 horas que ficava há algumas quadras dali. Seguindo mais a intuição que o raciocínio, caminhei a passos largos em direção a farmácia, numa mistura de ânimo e angústia que só um atleta paulista prestes a ser o primeiro a cruzar a linha de chegada na corrida de São Silvestre, ou a seleção brasileira na copa de 2014 cobrando o último pênalti contra a seleção argentina poderia descrever. Logicamente acelerando-se o passo, acelera-se o metabolismo, e foi aí que aconteceu o terceiro arrepio! Este que é a sentença de morte, o triste fim, não tenho certeza se existe vida após a morte, mas creio que não exista após o terceiro arrepio. Não se pensa mais nada nessa hora, perde-se todo o orgulho, dignidade e bom senso, o que foi suficiente para chegar a bonita moça do caixa e balbuciar as últimas palavras que me restavam, no último resquício de consciencia: posso usar o banheiro?! Percebendo a gravidade da situação, a simpática e bondosa moça aponta a direção do corredor, ali onde estava o que seria para mim o paraíso. _ por ali moço!

Suando, corri mesmo sem poder correr, contraindo a saída de emergência, adentrei o banheiro já com o cinto e o botão da calça abertos, ainda há tempo de baixar a tampa da privada, mas já começou a escorrer algumas gotas, desta vez não era suor, mal me sento e puáááááá, tá-tá-tá-tá-t-a, puáááá, tá-tá, aquilo mais parecia uma recepção de membros de alguma facção da rocinha, a os policiais do BOPE. Despejo ali, todas as minhas angústias, agonias, o strogonoff do almoço, o chocolate quente da janta e, acredito eu, até a feijoada da semana passada.

Aliviado, já recuperando o fôlego e a consciência procuro o papel. Na hora do desespero, não havia observado antes de entrar que ali naquele pequeno banheiro nada havia além de uma privada e a porta. Se eu me levantasse, o que escorreria pelas minhas pernas não sairia nem com ácido-sulfúrico. Me pus a pensar e procurar na carteira algum papel que fosse dispensável, e que seria indispensável naquela agonizante hora; dinheiro, fotografias 3x4, uma nota fiscal, 2 canhotos de passagem e o telefone de uma garota que não fazia idéia de quem seria, nem o que fazia ali.

Lá se vão as passagens e o telefone da garota, ao dar descarga ainda pude observá-lo rodopiando por entre os degetos deixados ali em direção ao esgoto.

Provisóriamente limpo, pude correr ao banheiro feminino ao lado e procurar papel-higiênico. Banheiro de mulher é sempre mais organizado que de homem, e sempre há papel e espelho. Consegui trazer o papel e terminar o serviço. Aliviado, quase em êxtase, percebendo o prazer que vem depois do sacrifício, lavo as mãos com um sabonete de erva-doce que havia na pia do lado de fora, saí agradecendo a moça pela compreensão. Antes de sair ainda pude ouvir um funcionário que havia entrado no banheiro dizer: eita! Enterra que esse tá morto!

Alexandre Revoredo 10/11/2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Hoje é segunda feira, decretamos feriado..."

A segunda-feira é um dia sem personalidade. É o primeiro dia da semana e o terceiro da ressaca. Ao mesmo tempo, é o dia em que começamos as coisas que raramente acabamos.

Alexandre Revoredo 08/11/2010

Pequeno conto erótico.





Na fila, o falo falou à filha do fulano:
_ Faz um fellatio, filé!
Ela, fula:
_ e falo fala?! Falo falante é fábula!

Alexandre Revoredo 08/11/2010

domingo, 7 de novembro de 2010

Relembranças...

"Se a gente se dedica a recordar, quanto tempo sobra para a vida propriamente dita?”
Moacyr Scliar

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Novas tendências e comportamentos?


Todas as vezes que começo a escrever meus pontos de vista sobre os mais diversos assuntos da atualidade penso em começar com a palavra : “engraçado”. É isso, percebi isso agora, iria começar a escrever sobre os atuais representantes da juventude, os jovens de hoje, e me veio logo à cabeça: engraçado! Terá sido uma coincidência?!

Farei uma análise de um tipo de ambiente, em particular as Lan houses (sim, elas ainda existem!), sabendo que esse ambiente retrata bem o cotidiano de um grande percentual dos jovens, lógico aqueles jovens que ainda não possuem um computador em casa (sim, eles ainda existem!). As lan houses vivem abarrotadas de adolescentes, seja para entretenimento, trabalhos escolares, procura de emprego, etc.

Tenho ido diariamente a uma lan house e fatalmente acabo por observar alguns dos seus freqüentadores. Nesse caso, desde os próprios administradores até seus fiéis clientes. É uma gente nova, bonita, ainda cheia de coisa pra viver, embora eu não tenha certeza disso. Um povo moderno, atual, que curte o que de melhor (?) a mídia emana para suas pequenas cabeças. Esse novo universo (pelo menos para mim) é recheado de músicas que falam de tudo um pouco, prostituição, bebidas, pé-na-bunda e armas, tem até canções que relatam crimes e cenas tórridas de sexo. Confesso que quando não me incomodo, fico constrangido. Músicas novas, novas tendências e comportamentos. O som é alto, muito alto, e normalmente quando estou aqui para escrever um texto e consigo terminá-lo, me considero um herói.

Certa ocasião presenciei uma conversa de bate-papo entre um garoto e uma garota, provavelmente uma paquerinha (?), e era impressionante como ele xingava essa garota, mais impressionante ainda, era o quanto ela gostava disso! Confesso que uns palavrõezinhos (?) ao pé-do-ouvido, na hora mais quente do sexo, não fazem mal algum, pelo contrário. Mas do modo como as coisas estavam se “dando” naquele momento, não sei se fiquei mais com pena ou com raiva de ambos. Perguntei por que ele estava xingando ela, ele disse que tinha que ser assim mesmo. Impressionante a dimensão da futilidade da coisa.

Lembro quando meu avô reclamava: essa nova geração está perdida. “Essa nova geração” era a minha geração, conhecida por “geração anos 80”, a geração do saudoso Balão mágico, dos Trapalhões e dos brinquedos da estrela, uma geração dividida entre o novo consumismo; videogame, televisão, e novelas (naquela época eram boas) e a inocência das brincadeiras que vieram dos nossos pais e avós; Queimado, esconde-esconde e Pega-pega (que hoje significa outra coisa), ainda tinha a pipa, o pião e as bolinhas de gude. Hoje em dia as coisas são diferentes, não existe pré-adolescência, as crianças passam logo pra adolescentes, quando não, adultos. A descoberta do sexo é pela internet, os aniversários de crianças se transformaram em baladas, tem até um tal de Bullying, que na minha época se chamava xingamento, e era uma coisa normal, por assim dizer. Lembro que no meu aniversário de 10 anos, teve bolo, bolas e música infantil, hoje meu filho, que vai completar 10 anos, me pediu uma balada numa boate, com direito a globo de ouro. Sei lá, to velho mesmo, tenho que me modernizar (?). Embora às vezes me sinta uma pessoa moderna, na maioria delas, sou um antiquado (acredito que é a PVC, Porra da Velhice Chegando). Meu avô reclamava da geração do meu pai, meu pai reclamava da minha geração, eu reclamo da geração do meu filho. Não sei até onde esse comportamento seja a chamada "evolução das espécies (?)" ou até onde seja a desvirtualização dos valores éticos. Temos que discutir isso em casa, nas escolas e em políticas públicas, a fim de separar o joio do trigo.

Eu poderia divagar horas e horas sobre as futilidades dessa nova geração, mas tem coisa mais fútil que isso?! Prefiro tentar passar para a mais nova geração, os valores que eu tinha na minha, valores familiares, de respeito ao próximo, de amizade e apreço. Tenho trabalhado nessa idéia com carinho e afinco.

Quando lembro das reclamações do meu avô, e percebo que faço as mesmas reclamações ao meu filho, ou ao meu irmão mais novo, vejo mais um ciclo se completando e me vem imediatamente a frase de uma música que marcou uma outra geração, e que se tornou eterna: “...ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais!.”

Alexandre Revoredo 29/10/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Caderno encantado



"Ela pensava que tinha sido os gnomos,
quando na verdade havia sido o Saci."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"A concepção de um texto" ou "Método prático/didático de ditado metodológico"





É uma coisa interessante, a tal da escrita. No princípio é somente uma folha em branco e uma caneta, para os mais tradicionais, ou um teclado e uma tela, para os mais modernos, ou até uma caneta e uma tela, para os mais ousados. Aí você olha para aquele espaço em branco e se pergunta: O que danado eu vou escrever hoje?! Sim, as possibilidades são infinitas, de assuntos, opiniões pessoais e impessoais, histórias tristes e engraçadas que você viveu, ou viu alguém viver...e você está com a faca e o queijo na mão, um universo inteiro ali na sua frente, pronto para ser criado por você mesmo.
E assim, como um tipo de Deus, você começa: faça-se o título, faça-se a introdução, faça-se o desenvolvimento, faça-se a conclusão (não necessariamente nessa mesma ordem). O autor tem essa liberdade, pode escrever da forma que quiser, pode querer ser compreendido ou não, pode ser sarcástico, irônico, divertido ou até mesmo lúdico. Pode ser tudo isso junto. O que importa mesmo é criar, preencher aquele espaço em branco.
Para escrever sobre algo é interessante ter um leque de informações sobre o tal assunto, do contrário corre-se o risco do texto se transformar apenas em palavras soltas, costuradas meramente por conjunções, preposições e advérbios, e não acrescentará em nada ao escritor, muito menos ao leitor (embora não exista tal obrigação).
Primeiro vem o insight, que alguns chamam de inspiração, depois vem o desenvolvimento, que aprendi a chamar de "transpiração". Depois é organizar as palavras, digamos assim, artisticamente. Isso requer uma certa sensibilidade (opa!), motivação e um conhecimento razoável da nossa gramática e vocabulário (ter um dicionário ao lado já ajuda). Pronto! Aí é sair escrevendo, apagando, corrigindo, rindo, chorando e até se surpreendendo com o próprio texto. Muitas informações serão obrigatoriamente pesquisadas afim de não causar equívocos, ou futuros mal-entendidos (a não ser que seja esta a intenção).
Comigo os textos normalmente ficam prontos depois da terceira vez que os leio e corrijo. Isso pode ser no mesmo dia, no mesmo mês, no mesmo ano...
O texto depois de pronto e mostrado a alguém, já não é mais seu. Depois que há uma identificação, uma empatia entre o leitor e o texto, a missão está cumprida. O texto é como um filho que você concebe, e como se sabe, filho a gente cria pra o mundo.
Há quem diga que nem o texto, nem o escritor se obrigam a agradar, informar ou mesmo ser compreendido. Particularmente gosto de me fazer ser compreendido, sinto que ali, entre escritor, texto e leitor, a compreensão é o fato consumado de toda a obra.
Então, seja com uma caneta (instrumento chamado outrora de "enxada da escrita", lá nos Cafundós) ou seja com um computador, o universo das letras e palavras está para todos os gostos e gestos. Mesmo quando não se tem nada para dizer. Aliás, escrevi esse texto hoje, por não saber realmente sobre o que escrever, assim empunhei a minha caneta e bradei: Mesmo que hoje sobre nada tenha a escrever, ainda assim sobre nada escreverei!!! E como antes havia falado: No princípio era somente uma folha em branco...




*dedicado as professoras: Fernanda Alves, Klébia Sampaio e Duvennie Pessoa.

Alexandre Revoredo 26/10/2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Macuca, um ponto de harmonia.


A Macuca não é só um "estado de espírito", é um "universo transcedental". A Macuca é mais que uma fazenda, ela cria lendas. De lá se contam muitas estórias, de mato, de fogo corredor e da "bica encantada das águas limpantes dos corpos errantes"; do Santo de Sant'ana, boiadeiro que vive protegendo a fazenda, sem horário de cessar a vigília. De pessoas que foram umas e voltaram outras. Do monstro do capitalismo que nunca conseguiu entrar nas dependências fazenda, muito menos o do “capetalismo”.
A Macuca é o céu, aliás aquele céu só tem lá, embora muitos levem esse céu dentro de si, cada vez que de lá saem. A lua da Macuca!!! Ah, a lua da Macuca é cheia, mesmo quando é nova, e crescente, mesmo quando minguante.
A Macuca é outra dimensão. Lá o chá das 5 é às 7, e se passam horas sem que se perceba, saboreando esse chá, rindo do vento e de outras coisas que os olhos não vêem. A Macuca, é festa, é alegria, riso e boa música todo o tempo. O tempo é sempre bom, se é chuva é bom, se é sol é bom, se é sol e chuva é ótimo, se é dia, é de bom dia! Se é noite, de boa noite! Se é de madrugada, não digo nada, vai lá ver!
Lá se construirá uma obra faraônica (ou seria Massilônica?!), uma ponte do nada para o infinito ! Lá se anda no mato, anda nu mato, e se anda nu no mato, toma-se banho na bica encantada, ritual purificante da alma, despertante dos sóbrios, revigorante aos que querem continuar na festa. Senão, é só entrar na barraca, fechar os olhos e ouvir a psicodélica mistura da orquestra sinfonica natural dos grilos e rãs, acompanhando os jazz, os blues e os rock n'rolls do outro lado do rio, o forró na casa do Zé ou o seja-lá-o-que-for-de-bom no palco do bar, que bem poderia se chamar “Palco Pezão”.
O seu anfitrião é o Zé da Rocha, Rocha no nome e nas convicções. Um verdadeiro cavaleiro medieval. Cavalheiro, ele abre suas portas aos que estão dispostos a comungar desse universo, e empunha sua espada aos que se opõem a harmonia do lugar.
A Macuca é família, é familiar, é lar e é lá que eu me desligo das coisas eletrônicas do mundo moderno. Lá os eletrodomésticos são só domésticos, a geladeira é que é a gás, o fogão a lenha, e a luz a querosene. Ainda tento entender o aparelho de som, ou ele é alimentado pela boa música que entoa durante o dia inteiro, ou por algum tipo de força cósmica, não duvido nada!
A Macuca é paz, ou mais, é terapia natural, é natural. A Macuca é magia, é ficção, é real, num pequeno espaço, o espaço sideral, a Macuca é cultura, a Macuca é o ponto e ponto final.

Alexandre Revoredo 21/10/2010

Boi, boi, boi, boi...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Minha Morena













Minha morena é de sonho e verdade

De fervor, flor da idade, juventude voraz

Minha morena, é cheiro doce, canela

Mel de flor açucena, cor de amor, chocolate

Tez da minha morena


Minha morena é de passo e de dança

Que quando ela balança, não tem quem segure

Minha morena, é de samba e de xote

De afoxé e de rock, corpo belo em cena

Luz da minha morena


Minha morena é de amor fraternal

De mulher, de irmão, de paixão e ardor

Minha morena é pés na água do mar

Preguiçoso acordar, cafuné que mãe dá

Paz é minha morena


Minha morena é mistério e segredo

Dela não sei mais nada, enigma de esfinge

Minha morena, ninguém sabe o que quer

Se ela é ou não é, ou se ela só finge

Essa é minha morena


Minha morena é de drama e comédia

E me vem inspirar, e me faz transpirar

E eu fico pirado, e sem mais pra falar

Eu me calo e canto, pois caí nos encantos

Da menina morena.

Alexandre Revoredo 30/11/07

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Balangandã


Findou mais uma semana, muito trampo, pouca grana,
só mesmo uma noitada pra curar;

Encontro com os amigos, bate-papo dividido, convesa de botequim, balangandã.

Tatu peba, pirão em Maniçoba, perobo em Peroba, pirou!

Dindin, barão, tutu, cifrão; Pelé, Mané, Tostão, é gol!

Tentação, maçã, Eva e Adão, pecado do amor, serpente;

De repende, ganhei o meu presente, um troco e um’agardente, caí;

No dendê, din don, Tom, dó-ré-mi, Tião, Tom Zé, Dindi, canção.

No violão,um samba, uma benção, juntou com o limão, cachaça;

Moet Chandon, xerém e champingnon, caninha em Massilon, é massa!

A mulata, requebra quase me mata e fez subir poeira no terreiro;

No pandeiro, Jackson brasileiro, tocou, dançou e fez tremer o chão;

É bom, bobó de camarão, feijão, manjericão, ao som desse balangandã.

Chega, canta, dança, pega fogo no terreiro, a festa é santa e pagã

Mas olha, relaxa, não me apressa, que hoje eu só chego em casa amanhã.

sábado, 9 de outubro de 2010

Tendências e Entendências

Discutindo sobre religião com um religioso (isso ainda se faz?) cheguei a duas conclusões:

"As pessoas que esperam o conhecimento serão sempre governadas pelas que procuram o conhecimento."

"Quem tem fome de conhecimento, há sempre de apreciar o menu da vida."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

To indo viu?!

Qualquer coisa chama! e qualquer música, canta!

(Fê)

O Desfecho!

A palavra é foda
A palavra é moda
A palavra fica
A palavra roda
A palavra explica
O que a gente enrola e não diz
A palavra é doce, é feliz
E a gente complica
Dizendo a palavra que quer
A palavra velha, inova
E a gente na prosa
Molda tudo o que quiser.

Por Fernanda Lima (Fê)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O último dia...




Depois do último dia, tudo o que vier será "o primeiro"...

Pela palavra





Pela lei, a palavra lavra, a palavra trava, a bem da palavra
Pelo sexo, a palavra excita, a palavra agita, não te limita
Pelo amor, a palavra declama, a palavra inflama, aquele que ama
Pela vida, a palavra incita, a palavra dita, o quão é bonita

A palavra, dita em prosa, pode virar poesia,
e poderá ser um dia, uma sutil melodia

Pela mentira, a palavra dói, o que se construiu, ela vem, destrói
Pelo menos, pelo mais, a palavra fez, a palavra faz
Pelo dito e pelo não dito, a palavra fato, a palavra mito
Pela fardo, pela preguiça, a palavra arde, a palavra enguiça

A palavra, dita em prosa, pode virar poesia
E virá a ser um dia, uma sutil melodia

Pelos pêlos, pelos poros, a palavra seca, a palavra sua
Pela calma, pelo medo, a palavra embala, esconde segredos
Pela verdade e pela fé, a palavra foi, a palavra é
Pelo poder da palavra, a palavra vela, e minh’alma lava


Alexandre Revoredo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

À Maria, de graça!


O presente 3

Faz falta a cor e a harmonia, se foi a cumplicidade, os bons conselhos dados e recebidos, o menu variado, o fino da bossa, o torpor baseado, a alegria nossa. O perfume dos cabelos, as flores colores e até a revolta com os pêlos.
Não tem mais discussão, ao menos aqui, discurso, recurso gramatical. Não tem mais atrasos, também não tem mais presença. Não tem mais desafinos, voz bonita, boa música, sobrou o desatino.
Se foi a letra pra melodia, a melodia pra poesia, o samba, reggae de primeira, abraços, cachaça e risada a noite inteira.
Para onde foi o talento invejável, a letra legível, o" ser do bem" mais possível, o irreal e o tátil?
Se foi a flor delicada, nossa Maria Chiquinha, fantasia de muitos, conquista de poucos triunfantes barbudo-cabeludos.
A irmã, a amiga, a companheira de luz e de vela, a parceira, a pariceira, a nossa namoradinha, viajante viajada, a hippie moderna, a menina-rasta cabelo/sangue bom, a menina reggae-samba-no-pé, a 2ª voz de primeira, nossa baby temperada com fumaça de orégano, nossa “eterna” inconseqüente, nossa gente, nossa “dente” :p .
A nova nova baiana, “a tal pernambucana”, cidadã ímpar no palco, “do lado do camarim” e “mesmo assim” sendo ouvinte, assistente e expectadora. Paixão platônica minha e tenho certeza de tantos. A dúvida e a teimosia.
Cadê a nossa Maria?
A vida é “presente”. Tá faltando você no mundo. O mundo é teu, o mundo é nosso, de mais ninguém. Graças a Deus! Amém!

Alexandre Revoredo 14/01/10

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Puxa o ar e...


Certo, concerto, conserto, consenso, compenso, condenso, convenço, concordo, de acordo, acordo, acorde, acorda, a corda, a cor, a cores, de cor, decore, decorre, decorrer, correr, decorrente, corrente, concorrente, concordante, concorde, recorde, recorre, corre, corrige, cor... cor...corr...corrrsário, calvário, cavalo, carvalho, caralho!!!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ociando...


Negócio = Nego o ócio, negando o ócio. Coisas do português (não o da padaria).

Vou me mudar, mudar-me vou.


Tô de mudança nêga,

Mudança de comportamento.

Pra onde eu vou?

Vou mais pra dentro,

mais pra dentro de mim.

Sabe o que vou mudar?

Muita coisa, alguns conceitos.

Mudam as iniciativas

e uns pontos de vista.

Isso vai ser bom, vai sim.

Pretendo e preciso,

to muito cheio de mim.

Faço assim, Jogo fora

Invento outro.

Mantenho as roupas e

a pouca vergonha,

O bom gosto, o bom senso

e a realização de quem vive enquanto sonha.


Alexandre Revoredo/Nádia Patrícia