quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Monógamos não praticantes


Discutirei um assunto sempre em moda: as diferenças de valores nas relações entre homens e mulheres. Nada mais óbvio que isso, que o digam alguns dos grandes cronistas do assunto. A saber: Luis Fernando Veríssimo, Xico Sá, Fabrício Carpinejar, isso para ficar somente no âmbito pop/cult da literatura nacional.
Nenhum estudo científico, filosófico ou teológico poderia dar conta do conteúdo que esse objeto pode fornecer. As relações entre homens e mulheres são de fato, “antiteticamente paradoxais”. Porém justamente por essas diferenças, é que se pode aventurar um romance, arquitetar casos, apaixonar-se. Ora, driblar ou harmonizar os conflitos já supre por si só boa parte desta nossa necessidade de trilhar jornadas, inerente ao comportamento de todo ser humano.
Longe de preconceitos, boa parte das relações homo-afetivas são aparentemente mais bem resolvidas. Explico: um homem quer sexo e atenção (necessariamente nessa ordem de importância), e é exatamente isso que ele acha em outro homem, não pretendo ser arbitrário, mas isso é de sua natureza, forjado a pau (!) e pedra, a ferro (!) e fogo desde os primórdios. O instinto nômade, de sobrevivência e da multiplicação das espécies, convenientemente reforçado no livro sagrado, pela frase ”crescei e multiplicai” (coincidentemente escrito por homens) resultaram nessa forma mais descomprometida do homem entender compromisso. Definitivamente o homem é um ser do mundo, para ele quem institucionalizou a monogamia não gostava de mulher, merecia a castração pela guilhotina.
 Já sobre a mulher, esse ser místico, injustamente incompreendido, inteiramente incompreensível, o que se tem a dizer é justamente o contrário. Em grau de importância elas cobram numa relação: atenção, segurança, carinho, fidelidade, lealdade, estabilidade, sobriedade, ade, ade e ade, para só então, vir o sexo (esse aí necessariamente adornado com amor, paixão, respeito), dificilmente fazem o sexo pelo sexo, salvo raras exceções (as maravilhosas ninfomaníacas).
Enfim, essas diferenças aqui destacadas, perdem sua força quando se trata de ”amores do mesmo gênero”. Obviamente surgem aí outras diferenças que, como não tenho experiência no assunto, não saberia explanar de forma justa.
Como sou um cara atencioso e tenho grande simpatia por relacionamentos duradouros, confesso que em termos de relação, se fosse outra minha orientação sexual, não me daria bem com outro homem. Principalmente pela insegurança que a prática natural do descompromisso promove, e que caracteriza boa parte dos representantes da espécie masculina.  Vejam bem, “boa parte”. Venho aqui para falar pela outra parte, quase extinta. Não, não sou um santo, e nem ao menos quero que me peguem para Judas. Não estou “traindo a causa”. Cada qual com suas manias e gostos.
Por conta do descrédito dado a nós pelas próprias mulheres, no quesito fidelidade, lealdade, e afins, é perfeitamente compreensível o crescimento desenfreado de casais formados por mulheres, em todas as partes. Lógico, se elas querem uma coisa mais séria, segura e duradoura, fatalmente acabam encontrando, e é isso que se observa nessas relações: uma durabilidade maior, embora haja, em contrapartida, uma concorrência maior, típica comportamento feminino. Essa espírito concorrente acaba nos atingindo também.  Isso só esquenta os ânimos em todos os sentidos. Ah, as mulheres!
Infelizmente, na seara das relações, o homem fiel, sincero, leal (sim, ele existe) é quase sempre injustiçado pela imagem do eterno cafajeste institucionalizada pela sociedade feminina moderna. Esse sujeito sim está ”boiando” no mar revolto das relações e por ser homem, não pode, nem deve se mostrar frágil diante essa causa, sob o risco de ser taxado de traidor do movimento ou por vezes, de gay mesmo. Muitas vezes pelas próprias mulheres. Vai entender. 
Adentrar nesse universo é pedir conselhos ao diabo de como chegar ao céu. E apesar dessas diferenças, os labirintos, mal entendidos, desvios de rota, frustrações, fazem par com caminhos bem trilhados, compreensão, parcerias e conquistas, e isso é o resultado final da delícia das relações humanas, que tem a eterna descoberta como principal afrodisíaco. 
É realmente muito pano pra manga, como bem disse um amigo, acerca do assunto:  "O ser humano teima em criar variáveis até quando não mais parece ser possível". Então completo essa sentença com a frase de um célebre compositor: "Não tem nenhum engano nem mistério, é tudo só brincadeira e verdade"

                                                      Alexandre Revoredo 05/12/2012